Calma, muita calma. Descanso, repouso, quietude! Era tudo o que ela sentia. Uma grande paz de espírito e um vazio imenso. Mas repousante! Antes de morrer nunca pensara que fosse assim. Acreditava na vida depois da morte, sua religião o dizia, mas era muito diferente do que imaginara.
Quando teve o acidente de automóvel sentiu dor, muita dor, depois uma espécie de choque eléctrico muito intenso e... leveza, calma, felicidade. Viu uma luz. Viu-se num túnel negro com uma luz intensa ao fundo. Caminhou sem andar até ela. E... ficou em paz. No Paraíso dos Sentidos. Havia outros como ela e uma mulher estranha, bela, e com uma grande força espiritual. Todos lhe obedeciam. E ajudou-a a ter uma criança. Naquele mundo. Naquele estado. Naquela dimensão. E pela primeira vez além de sentir felicidade, conseguiu expressar a mesma com um sorriso!
Não necessitava de alimento. Era espírito e pertencia a algo superior. Algo que pensara vir a conhecer. Mas não o via, não o ouvia, apenas o pressentia e isso dava confiança. Talvez por isso tivesse aquela paz de espírito! Ou seria aquela mulher estranha que lhe dava aquela sensação! Não o sabia! Seria ela a mãe de Deus? Deus tinha mãe? Deus era uma mulher?
Na religião que professara antes de passar para aquele estado superior, acreditava no que estava escrito. No dogma de que quando morresse ia para junto de Deus e não necessitava de se alimentar para viver. Isso acontecia nesse momento. Os escritos estavam correctos. Também estava escrito o regresso ao estado terreno. O regresso aos entes queridos! Fazer parte integrante dele como uma grande família.
E nessa calma de espírito aguardava essa fase.
Passou muito tempo. Ou pouco. Poderia ter passado uma eternidade que ela não notaria. Onde se encontrava não havia o tempo como o ser humano conhecia! Tudo era vago.
Mas a mudança, a transformação não terminara. Assim o pensou.
Algo estava a suceder. Sentia-se no meio de um turbilhão. De ideias, de sentidos, de energia! Sentiu-se como que a perder os sentidos!
Acordou rodeada de negrume, escuridão. O pânico apoderou-se dela.
Viu que estava dentro de um caixão na penumbra. Regressara como sua religião o dizia!
Levantou-se e saiu do jazigo de família. Sentia fome, muita fome.
Caminhou até casa, era a poucos quilómetros dali!
Chegou. Chovia! Imenso!
Tocou à porta como o fez muitas vezes quando se esquecia das chaves no trabalho.
Nunca tiveram filhos. Não tiveram tempo para isso. Porque se recordara disso agora?
O homem veio ver quem era. Gritou de horror ao vê—la.
Tremeu e quase se urinou com o pânico.
Depois vendo-a toda suja, enlameada e magríssima, mas a sorrir, acreditou em milagres.
Por algo que não sabia explicar tinha sido enterrada viva. Morte clinica. Já tinha ouvido falar disso! Só podia ser isso.
As lágrimas correram pela sua face.
Puxou-a contra si chorando e gritando graças a Deus, abraçando-a como se fosse o último abraço.
Mirianna continuava a sorrir. E tinha fome, muita fome.
Começou pelos braços não sem antes se alimentar com o seu cérebro. Naquele último abraço. A religião dela estava certa.
Os entes queridos. Voltara para eles e ficariam para sempre com ela. Seriam parte integrante dela! Enquanto se alimentava chorava de alegria!
Lá fora no meio da chuva, outros recebiam de braços abertos os entes queridos que regressavam dos mortos.
A religião o previra. Era a Verdade Divina!
E Diávolla tinha iniciado o seu plano diabólico!
Robô Selvagem | Crítica
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Há 8 horas
39 comentários:
Gostei muito. Passeias por vários mundos, apontas outra dimensões, concretizas situações, depois há uma reviravolta quando acorda no caixao e sente fome (já é materia, de novo) mas no fim vem a diabólica estragar tudo...
...será o ciclo da vida? Na natureza tudo de renova e volta nascer...
Belo texto!
O silêncio da solidão mora em meus olhos
Revela-se na tristeza, retém a palavra amarga
Tem a nudez de um aguaceiro de Maio
Uma garganta presa em grades que a voz embarga
Hoje a Ilha acordou presa ao silêncio
Os pássaros voaram no chão de barro frio
Esqueceram-se de subir ao azul
Lavaram as penas nas águas de um rio
Convido-te a descansar a alma nas minhas pedras de Ouro
Bom fim de semana
Abraço
Daniel. A Diávolla, não a Diabólica. A Diávolla!
Cotovia! O ciclo da vida?
A mim o que mais me pareceu foi fome!
Profeta. Já lá repousei no outro dia!
Ah que texto belíssimo, adorei!!!
Cada frase que li, mais vontade tinha de continuar a ler.
Não sei se já disse, mas escreves muito bem. PARABÉNS!!!
Acredito muito no que vc escreveu, será mesmo assim??? Não sei, mas deixa estar.
Abraços.
Um bom final de semana.
:)
Andar de ônibus é um saco.
Eu aceitaria ;)
Bj*
Juliana! texto belissimo?
Mas um bocado gore, não achas?
Curiosidade: Sabes que em portugal Juliana, além de nome feminino é também nome de uma sopa muito popular? Sopa Juliana?
;-)
Juliana, que pena ser tão longe.
OOOHHHHHHHHH
;-)
Calma, muita calma.E nessa calma de espírito aguardava essa fase.
Sentia fome, muita fome.
O pânico apoderou-se dela.
Tremeu e quase se urinou com o pânico.
A religião o previra. Era a Verdade Divina!
:)
Parabéns
Saudações
I'm so sorry :(
Oi Roderick.
Mais tarde eu volto para ler tudo com muita calma. Afinal, não posso perder o resto da história. :-)
Por hora, quero desejar um BOM DIA DO BLOGUEIRO PARA VOCÊ!!!
♥.·:*¨¨*:·.♥ Beijos mil! :-) ♥.·:*¨¨*:·.♥
Ela regressou do mundo dos mortos, tipo zombie, e comeu o marido???
Ai, afinal esta é uma história de terror?! :p
Bom, vou aguardar o próximo capítulo... até lá, bom fim de semana! :)
Beijocas!
Olá,
Passando para conhecer seu belíssimo espaço> Amei tudo o que li e vi e voltarei mais vezes, viu|?
Um lindo final de semana e muita paz.
Smack!
EdimarSuely
jesusminharocha.blig.ig.com.br
A meia morta meia viva apanhou o Bus? e pagou com qu~e? porque na pagou a viagem de táxi ao chegar ao destino, mas, quem lhe dava boleia anquele estado? Mas, morreu meos ou foi apenas deposta no caixão considerada morta? e que bom que não o fecharam por precaução, bolas rapaz, andas muito por esses mundos fora...
xiça, penico, que cagaço---beijinhos..
Olá!
Creio que é o fim dos tempos, contado de uma forma muito bela. Mas quantas mudanças em reaver nossos mortos... Eu estive quase lá, mas voltei, pelo mesmo túnel brilhante. Não tinha ninguém me esperando, ainda não era a hora...
Beijos.
Então não come pipoca!!!!
Obrigado pela visita! Bjos e boa semana!
Espero que tudo corra bem em Espanha!
Abraço
Apesar de morrer ser o fim de um ciclo, penso que a morte é o descanso do corpo e um mistério para alma.Talvez não haja alma, mas se houver, um novo ciclo recomeçará:novos aprendizados, legados, comprometimentos...o círculo é cíclico.
Beijos.
PS: Depois conta como foi esses exames de rotina.
renascer...mas através de um plano diabólico?
li-te e senti várias emoções contraditórias...gostei muito
espero que esteja tudo bem com a tua saúde
beijos e tudo de bom
Como diz o titulo " o inicio do fim".....será mesmo o fim??????
Em todo o caso é meio tragico, não????
Beijokitas
Que dilíciaa, continua, continua.
A propósito de planos diabólicos, chegou a Cusca endiabrada ...
Adorei, adorei, adorei!!! E deixo-te uma pergunta: durante a tua ausência não sentiste uma leve comikchão na orelha esquerda?
Era eu, a dar-te contínuas dentadinhas eheheh
Artur, Saudações
De nada, Daniel,de nada
Sorriso, e um bom resto de semana.
Tété, papou o marido, literalmente!
Edimar, volta sempre.
Chuac, chuac
Laura, a mortaq viva foi a pé. Era eprto de casa! Foi a sorte dela. Senão "morria" à fome! ahahah
Claudinha, Bela até a altura que "papou" o marido! Não é?
Loira mexicana. Acompanhou com Coca cola! ;-)
Rosa! Correu bem! Graças a Deus, obrigado!
B. correu bem. Agora só lá volto daqui a um ano.
Beijocas nocturnas
Carla, se houve emoções contraditórias... não eram minhas!
Parisiense, não, é mais um princípio. Trágico mas resolver-se-á. espero!
Adrielly, fica descansada que continuo.
Cusca! Dentadinhas????? É por isso que fiquei com as orelhas em bico! Tipo elfo! eheheheh
Mas que coisa! Agora é a morta que come o parente?? Aliás, morta de fome... :)
beijinhos, e espero que tenha corrido tudo bem em Espanha.
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