Bebia o sabor e aroma da flanela quente e cheia de odores de infância naquelas noites escuras e silenciosas, nas visitas de fim de semana à sua avó velha, bisavó que de nome apenas era, simplesmente, velha.
Não de velha, velha.
Velha de doçura e amor.
Velha de protecção e de rugas que contavam muitas histórias.
Histórias e estórias de uma vida.
De muitas vidas reunidas numa só.
Histórias que já tinham rugas.
Rugas daquelas de quem já tinha vivido muito e muito mais tinha para contar.
Com os seus pequenos e grandes olhos perscrutava o horizonte daquele quarto cheio de penumbra.
Doces silêncios enchiam o ar enquanto observava as sombras de tudo o que o rodeava.
Sentia-se bem.
Quente e protegido.
Com uma paz na sua alma que o levava ao encanto e descanso nos braços de Morfeu.
Asssim eram as noites na casa de sua bisavó.
Plenas de doçura e encanto revolto em velhos lençóis de flanela.
Nuno Júdice - (29 de Abril 1949 - 17 de Março de 2024)
-
AUSÊNCIA
Quero dizer-te uma coisa simples: a tua
ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não
magoa, que se limita à alma; mas que não deixa,
por iss...
Há 18 horas