Entrou, querendo estar calmo e sereno, naquela casa que fora sua, durante alguns anos da sua vida.
Olhando para o chão de mosaicos claros e paredes de estuque da entrada, recordou retalhos de uma vida que ali passou. Uma vida cheia de alegrias no presente e de esperança no futuro.
As paredes já perdendo a tinta não tinham a vitalidade de outrora. Perdera vida, perdera força. Como tudo.
Dando alguns passos, aventurou-se um pouco mais e observou pela porta do que fora uma sala, as janelas baças e foscas da humidade e sujeira de anos vazia.
Cheirava a bafio, a sujo, a guardado. Tudo cheirava a tristeza.
Na cozinha, nada restava. Apenas um exaustor e extractor de fumos que, avariado, tinha ficado para trás, após a mudança.
Na casa de Banho, um pequeno rato fugira assustado para um buraco na parede, ao sentir a sua presença, ficando à espreita com os seus pequenos olhos habituados à escuridão!
Chegou aos quartos. Um carrinho de bebé ainda repousava no chão de soalho flutuante o que o levou a recordar a beleza daquele, outrora, quarto de criança.
No quarto principal, velhos cortinados tapavam precariamente as grandes janelas que, através dos vidros partidos, mostravam uma paisagem deslumbrante da que séculos atrás, fora chamada Cidade Luz, Lisboa.
Voltando ao corredor longo dirigiu-se às velhas e enferrujadas escadas de caracol que em tempos brilhavam de tão limpas e tratadas que estavam.
Foi dar à sala interior que ainda tinha o grande e velho móvel de cedro que outrora servira de biblioteca.
Observou o grande salão que dava para o jardim. As suas paredes estavam cobertas de heras e outras trepadeiras. A natureza já começara a recuperar o seu espaço perdido.
Observou o exterior. O pequeno, mas outrora belo e acolhedor jardim, hoje não passava de uma lixeira cheia de todos os géneros de detritos possíveis e imaginários. Onde não os havia, a vegetação selvagem tinha tomado conta de tudo.
Voltou ao interior da casa e dirigiu-se à entrada que levava à sala do outro lado do velho móvel que outrora servira de atelier de pintura.
Ali a destruição era maior. Um cano da pequena casa de banho que a sala acolhia deveria ter rebentado e deu cabo do chão de madeira. As paredes estavam podres e havia bolor verde e viscoso por todo lado.
Um cão ladrou lá fora.
De lágrimas nos olhos acordou para a realidade, subiu as escadas e dirigiu-se para a porta de saída daquela casa que outrora fora o local dos seus sonhos.
A família esperava-o no carro após o regresso do Reveillon.
Não tinham tido coragem de entrar.
Quando venderam a casa, anos atrás, nunca pensaram que os novos donos, após terem recebido uma herança, a tivessem abandonado daquela maneira, reduzindo-a a um monte de escombros, destruindo sonhos, recordações de vidas e paixões que nela se passaram.
Continuaram viagem para casa.
Era hora de ohar em frente.
Um novo ano começara.
O passado ficara lá atrás.
Robô Selvagem | Crítica
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No dia 10 de outubro, chegou aos cinemas brasileiros “Robô Selvagem“, uma
adaptação do livro de Peter Brown, dirigida por
O post Robô Selvagem | Crítica ...
Há 8 horas
30 comentários:
"O passado ficará lá atrás"
Mas de vez em quando algo desperta em nós tornando-o tão próximo que por instante se torna presente!
Já vivi essa sensação e não é nada agradável :(
Bom Ano Novo :))
Outro dia passei pela casa antiga onde moramos quando eu era adolescente. Não existia mais. Sobraram as fotos e as recordações.
Bom Ano Novo!!
Ah, moço lindo. Eu ainda sonho com as casas ond emorei, e tenho aquela saudadinha suave de que se possivel, tornaria a ir visitá-las, mas estão longe e espalhada spor ai... até fiz uma poesia sobre isso quando sonhei com a minha casa em Luanda a ser reconstruida e tinha teias de aranha, e no chão a terra vermelha que vai caindo quando as paredes se desgastam, muito lindo o sonho, lindo porque no fim senti que alguém me tocava no ombro, virei-me devagar e senti mesmo a pessoa a meu lado, era ele, alguém a quem amei em jovenzinha, alguém que meu coração deixou só, e a sofrer,(foi o meu pai (decerto, não tenho a certeza mas já me falaram disso) que mandou um agente dele falar com ele e claro..já se sabia o que veio a seguir!) mas passou, só que o sonho levou-me de novo ali!...E tenho por hábito adorar casas enormes de grandes salas e enconro-me dentro delas com o espaço desejado a mobilar a dar dicas para móveis, e já sonhei que estava a ver uma vista fazntástica de um monte, onde seria a minha nova casa e dizia para um amigo; mas que vista linda, é linda? e ele assentia, e a casa era toda branca, todinha, ah, meus sonhos, me esperem que eu traterei de vos ter..Beijinhos.
VIVA O FUTURO!!!
FELIZ 2009,2010,ETC,ETC,
VIVA A VIDA!!
Carpe diem!
O passado ficou para trás, o futuro é uma incógnita.
Por isso nada melhor do que viver o presente, sem demasiadas nostalgias do passado, nem ansiedades em relação ao futuro!
Beijoca!
Mandei-te um e-mail.
Se for parar ao teu "lixo electrónico, recolhe-me please!
É esse espírito de poder renovar tudo que nos avassala em cada novo ano e ainda bem. Parece que em nós a esperança não morre. Bom Ano. **
Mais um ano começa e não há como se repetir o que já foi vivido, mas toda vivência é um cabedal que há de nos acompanhar sempre, pois acabamos, ao final, sendo o somatório de cada dia, hora e segundo passados.
Lembrança é constatação que há uma vida a ser vivenciada com todos os tropeços e acertos.
Feliz 2009!
Beijos.
Me lembro bem das casas onde morei e ficaram as recordações,de menina,adolescente e até de mais idade! Sempre há uma que fica um pouco de nós,e ainda hoje ía lá de olhos vendados.
Bom fim de semana e beijinho desta amiga Lisa
Olá,
" O passado ficara lá atrás", que bonito, gosto do que escreves, vou passando por aqui, hoje escrevo para desejar Ano Novo cheio de luz para ti e para os teus.
Um beijo
Isabel
Pascoalita, o que o desperta em nós é esta sede de memórias, esta sede de recordar!
Umas vezes é bom, outras nem por isso.
Bom Ano Novo!!!
Senhora - Passo muitas vezes pela casa da miha infância, a qual (a casa, claro) está está velha, decrépita, abandonada!!!
Tudo nesta vida, neste mundo, tem uma altura, uma época, os seus momentos...
Bom Ano Novo!!!
Laura, costumo sonhar muito com a casa da minha infância. E nela, e no meu sonho, o meu avô ainda está vivo! Sonho muitas vezes com isso...
Beijinhos
Adriana, viva o futuro! E ele, que seja hoje. Sempre. Porque somos nós que o construímos!
Viva La Vida!
Teté, mas o presente é construido com as memórias do passado, para termos um futuro melhor... não é?
Beijocas!
Vida de Vidro, é verdade! Mesmo que digamos que não, há sempre algo novo, algo diferente que pensamos em mudar, corrigir, alterar, só porque a folha do ano no Calendário mudou!
Bom Ano!
Bat (B.) - Somos o somatório de toda uma vida. A vida que construimos até chegar a nossa hora.
Agora essa do cabedal que nos há-de acompanhar é que não entendi!!!!!
lol
Agulheta, amiga Lisa, é como dizes. Ainda hoje ia lá de olhos vendados e sabia quantos passos dar em cada divisão!
Beijinhos e óptima semana
Isabel!!!! Já tinha perguntado a mim mesmo por onde andarias e se tudo está a correr bem, nesta nova fase da tua vida! Acredito que sim!
Fico contente em saber que vens aqui a este cantinho inútil.
Beijos de Amizade
Um olhar pra frente sempre!
Sem deixar que o passado nos cause qualquer tipo de dor.
Beijos!
Olá, voltei, é que...estive sem pc e..a velha histórinha da laurinha ehhhhhh, mas, já tá e pronto...
adorei ler-te no resteas e do miminho que me dás...tão queridinho que és, mereces ser feliz, feliz, muito muito, mais a tua Ana e o teu Sebastião...Deus te ajude nos caminhos que tens de trilhar...
Muitos abraços e beijinhos da laura..terça feira já terei o meu mais que tudo aqui, no nosso lar, e que bom que será, são 14 dias..uau...
Dina, o passado não é para causar dor. Podemos é recordar o passado e tentar melhorar, para não haver dor!
Beijos
Laura, já estava a estranhar a tua ausência. Se bem que nestes dias tenho estado, também, muito ausente!
Amanhã começo novamente a trabalhar, já que tive o dia de sexta, se bem que de manhã tenho check up!
Ah! E não é uma questão de miminho. Acho é que mereces o que te digo e muito mais, porque deves ser uma excelente pessoa.
Beijocas
Por vezes tambem passo pela casa da minha infancia e fico a olhar cá de baixo,não sei se teria coragem de pedir aos donos actuais para me deixarem entrar.De qualquer modo de vez em quando ando ali pelas redondezas a recordar as brincadeiras que tinhamos todos e as vizinhas dizem que sou o unico que regresso ali.
aos poucos deixei de ter a necessidade de recordar casas. prefiro as memórias das corridas na relva enquanto a brisa acariciava os meus olhos
Ano Novo, Vida Nova.......é o que eu vou tentar fazer este ano.....vou dedica-lo mais a mim, a ser mais feliz e a realizar o que me apetecer, na hora e no momento.
Desejo que o teu também seja cheio de felicidade e um caminho cheio de luz para seguires em frente.
Beijokitas
Conde.Já somos dois. Também faço o mesmo!
Teresa, adoro o cheiro da relva cortada. Sabe tão bem!!!!
Leva-me aos tempos de criança!
Parisiense, obrigado. O mesmo para ti. Um caminho cheio de luz, mas daquelas económicas, porque aqui em Sintra a electricidade é muito cara!
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