quinta-feira, agosto 27, 2009

A dádiva da sereia



A dádiva da sereia

(...)
E foi aí que a viu pela primeira vez.
Cabelos compridos, negros do azul mais profundo que o mar possui, pele branca como coral e uma face mais bela do que qualquer das suas mirabolantes criações.
Trazia-lhe uma lembrança.
Uma lembrança das profundezas.
Uma bela e gigantesca pérola azul, bela como nada que tivera visto até hoje!
Depois chamou-o.
E ele foi.
Entrou na água dando-lhe a mão e foram para longe levado sempre por ela, cada vez mais para baixo.
Foi aí que se percebeu que aquela visão que o deixou de imediato agarrado pela paixão louca e insana, era, afinal, parte mulher, parte criatura do mar.
A última coisa que se recordou de ver, foi uma concha enorme que brilhava no meio do azul profundo.
(...)

Óleo em tela de Ana Garrett
Medida: 1,60 x 0,33
Excerto de conto de Paulo Roderick