terça-feira, fevereiro 09, 2010

In Nomine Dei




Aqui vos trago mais uma foto minha.
"In Nomine Dei" é o título que lhe coloquei.

Pois é.
Nesta nossa sociedade em que quase todos somos católicos, não fervorosos e a maior parte não praticante, a maior parte das vezes só nos lembramos de Deus quando estamos com problemas.
Daí ter-me recordado de colocar esta foto hoje.
Não quer dizer que seja o meu caso, mas tenho vivido alguns momentos muito complicados.
Principalmente com o meu Eu interior. Ir ou não à "faca".
Há cerca de dois anos, mais coisa, menos coisa, tive grandes dores de estômago e, pior que tudo, deitei sangue nas fezes.
Assustei-me.
Falando mal, borrei-me de medo.
Enchi-me de coragem, fui ao médico, expliquei-lhe a situação e ele aconselhou-me a fazer uma Colonoscopia.
Mas como a Ana estava grávida, pensei:
- Se tenho alguma coisa, ainda me começam a cortar por dentro e lá vou eu desta para melhor e nem vejo o bebé.

Agora dois anos depois, aconteceu-me o mesmo, mas pior.
Deixei de fazer necessidades fisológicas de carácter sólido durante bastantes dias. Tinha dores enormes no estômago, do meu lado esquerdo.
E... sangrava (mas principalmente após muito esforço para "fazer" qualquer coisa).
Fui, mais uma vez, ao médico.
Levei na cabeça, com razão.
Mas desta vez, decidi. Vou mesmo fazer a Colonoscopia.
Fiz análises ao sangue e fezes para ver se tinha alguma coisa má e, felizmente, deu negativo.
Ontem fui fazer a Colonoscopia. Como fui sedado, não custou nada.
O pior foi a preparação.
Comecei às sete da manhã a tomar um medicamento em pó dissolvido em três litros de água.
Horrivel. Nojento mesmo.
Os três litros de água deram para dezasseis copos.
Oito copos por cada litro e meio.
De dois em dois copos vomitava.
E tinha de fazer um esforço enorme para não vomitar mais.
Já não conseguia ouvir nem ver nada.
Apaguei a televisão e olhava só para o relógio.
De 15 em 15 minutos tinha de tomar um copo.
E nem imaginam como os 15 minutos passavam a correr.
Ao fim de oito copos e de litro e meio de puro terror, cheguei à conclusão que não conseguia beber a outra garrafa.
Mas enchendo-me de coragem e já sem me preocupar se vomitava ou não, lá consegui.
O pior é que vomitei tanto que já "deitava" sangue junto.
O médico mais tarde, disse-me que isso é normal. Tem a ver com o esforço.
Quando terminei, bebi um café, para tirar aquele sabor horrivel, porque só podia beber café, chá e pouco mais até às 12h30.
A partir daí, jejum total. Nem água podia beber.
E já nos dois dias anteriores estava totalmente proibido de comer legumes e fruta. Não imaginam como estamos dependentes de legumes e fruta sem o notarmos.
Tudo o que queria, parecia legume e fruta.
Eu já duvidava se frango ou carne de vaca não seriam legumes.
Enquanto almoçava estava à espera de ouvir uma qualquer notícia a informarem os bons dos consumidores que os cientistas tinham descoberto que, afinal os frangos criados em aviário eram, nem mais nem menos, leguminosas ambulantes.

Chegou a hora da Colonoscopia.
17h40 da tarde.
Hospital Particular de Lisboa.
Apresentei-me lá, com a minha Fada, Ana para os amigos, e mandaram-me vestir uma bata aberta nas traseiras e um robe branco, quentissimo naquele dia de verão, por cima da bata, e... esperar.
Sempre esperar.
Nunca mais resolviamos aquilo.
Até que o Médico espreitou pela porta da sala de espera.
Cumprimentou-me, dirigiu-me umas palavras de circunstância, que aquilo não era nada, ia ver, até gostava (livra), não ia sentir nada, etc, etc.
Entrámos no gabinete de provas (de provas, esta é gira) e apresentou-me a colega, anestesista, muito simpática.
Viu-me tenso, também fez conversa e aproveitava para me injectar.
Deu-me uma primeira anestesia já o médico se preparava para começar.
Deu-me uma segunda e o médico já estava a começar.
Comentei com ela:
- presumo que já devia estar sedado, não?
Ao que ela retorquiu:
- Vai ver que agora com esta já não sente nada.
Dito e feito.
Só me lembro de ver uma enorme seringa com um liquido espesso, branco e.... vazio.
Acordei já na sala de recobro com a Ana ao meu lado.
Eu totalmente dopado.
Ela com lágrimas nos olhos.
E eu mesmo totalmente drogado com a anestesia deu-me para... falar.
Falar.
Falar sem parar.
A enfermeira passou e comentou que eu no dia seguinte não me iria lembrar de metade do que disse.
Agora, lembro-me dos assuntos que falei, mas do seu conteúdo só me lembro vagamente.
Antes de sairmos, as notícias clinicas.
O médico informou-me que tenho um polípo com sete cms (acho que é 7 cms, estava dopado) e como é muito grande, não era possível tirá-lo sem uma operação.
Retirou amostras para biópsia, que só estão prontas no próximo dia 16 de Agosto.
Disse que a operação resolve o problema mas é Muito Dolorosa, reafirmou ele por diversas vezes.
Conclusão:
Já ninguém me tira um "Andar Novo".

Só espero que seja no Algarve.

17 comentários:

Mac Adame disse...

Há coisas muito difíceis. Já fiz uma orquidectomia, e passei por coisas igualmente más. Ainda por cima, como faço questão em ser ateu, ao contrário da maioria, que recorre a Deus nessas alturas, eu tento afastar essa ideia da minha mente. Tento agarrar-me a outras coisas. Uma das coisas que tento sempre é pensar que, afinal, podia ser pior. Apesar do sofrimento, pensarmos que tudo melhorará e que há pessoas com menos sorte ainda, com coisas incuráveis. Se isto ajudar, pense-se então assim.

Anónimo disse...

Visito o teu blogue já não por obrigação, mas por dever de apreciá-lo pela foi estética, e constatei as notícias. Desejo sinceras e rápidas melhoras e que tudo corra bem, como quando passei há anos pela minha provação ao ser operado a um tumor da tiróide. Força e muita coragem num abraço fraterno. Jofre Alves

Mac Adame disse...

Pois, devia ter explicado, pois eu também não sabia o que era isso. Orquidectomia (que era o nome que os médicos lhe davam, se bem que o meu melhor dicionário até diz que se chama orquiectomia) não é mais do que a extracção de um testículo. Tudo porque, sendo detectado um tumor, não é possível saber se é maligno ou benigno, a não ser que se extraia para posterior análise. Esta foi a pior parte. A melhor é que a análise posterior revelou que era benigno, mas não é possível repor o testículo, pelo que o problema tem que ser resolvido com uma prótese. Seja como for, a prótese não se nota nada e um só testículo não afecta em nada as funções vitais. Por isso digo que poderia ser pior, e por isso prefiro pensar assim.

Elisheba disse...

Um andar noutros locais do NOrte tambem é bom...lololol


Olha, lamento que estejas a pasaar por isso. Realmente é doloroso esses exames e pelo que vais ter de passar, mas o importante é que que te trates.OK? Faz isso por ti e pelos que te amam!!

Tou solidária contigo....e sim...Deus é MUITO BOM (não sou católica!)

Conversa Inútil de Roderick disse...

Isabel. Não consigo deixar comentários porque não tenho acesso ao seu blog.
Caso tenha algum.
O polipo, no meu caso, está úlceroso. Termo usado pelo médico. É daí que provém o sangue que eu deitava.
É daí os meus receios.
Infundados?

João Leite Duque disse...

Compreendo te em certa parte Roderick,
tb já fui á faca não por esses motivos
mas por outros que marcam mais a personalidade da pessoa...
Cruzes credo que cada vez que ouço que tenho que ir á faca até me assusto desde os já fui 2 vezes aos 6 e aos 15 anos...
Sou católico praticante,
falo e rezo a deus sempre nos bons e maus momentos...
E se deus quiser ás de te safar bem dessa :)
Um abraço :)
Vou de férias,em setembro volto :)
sorri sempre :)

sem-comentarios disse...

Espero que recupere rápido ;)

bj**

Anónimo disse...

Amigo... Espero sinceramente que tudo te corra bem! Também ando com uns problemas ( não meus, mas de pessoas próximas ) e isso já dá a volta à moina.
Vais ter muita gente a torcer por ti e pela tua rápida recuperação. Força!

abraço!

Rita Sousa disse...

eu desejo as rapidas melhoras. vai correr td ok. boas ferias

Alexandra disse...

Paulo,

só agora vi este teu post. Olha, é assim. Ali o que a amiga Isabel disse, é totalmente verdade! Já sabes que não sou enfermeira, mas na qualidade de paciente (neste caso portuguesa) já fui parar à faca algumas vezes. E posso assegurar-te que durante a intervenção, dormes que nem um santinho. No recobro, assim que doer, falando bem ou mal, dizendo disparate ou não, seja ela ou ele bonita/o ou feia/o faz-lhes saber que tens dores. Podes crer que te parecerão uns anjinhos ;)

Passado um tempo, vais rir-te do que passaste, acredita!

Nada de preocupações. Vai TUDO CORRER ÀS 1000 MARAVILHAS!

Beijos para ti e também para a Ana.

Al Cardoso disse...

Caro Amigo:

Estou aqui para lhe dar forca, porque sei que uma pessoa como voce merece que tudo lhe corra bem.
Voltando a preparacao para a colonoscopia (eu ja fiz duas), tenho que concordar com o meu amigo, a preparacao e a bebida do bendito liquido e o pior.

Um abraco de amizade.

inBluesY disse...

[um beijinho tudo vai acabar por correr bem, e aliviar toda esta situaçºao de angustia, como te entendo, um beijinho a Ana e ao filhote]

Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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